Leptospirose – sinais, diagnóstico, implicações

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O que é a Leptospirose?

A Leptospirose é uma doença infeciosa causada por uma bactéria pertencente ao género Leptospira. Estas bactérias estão disseminadas por todo o mundo e existem diferentes tipos. Este género de bactéria inclui cerca de 25 serogrupos diferentes e, cada serogrupo, inclui vários serovares distintos. Existem mais de 250 serovares diferentes de Leptospira. De uma forma muito simplista, afirmamos que existem várias espécies de leptospira e cada uma tem diferentes subespécies.

Consoante a zona geográfica assim teremos diferentes serovares presentes. Isto é, uns serovares são mais frequentes numas zonas e outros em outras áreas geográficas. Também se sabe que alguns serovares são mais agressivos que outros.

São bactérias que conseguem sobreviver por um período considerável de tempo no meio ambiente, em condições de humidade elevada e temperatura moderada. Por este motivo, períodos de chuvas e/ou cheias, em alturas do ano amenas e húmidas, teremos mais casos clínicos registados.

A Leptospira pode infectar e causar doença na maioria dos mamíferos. Os cães e gatos podem ser afetados, embora no caso dos gatos isto seja muito raro.

 

A Leptospirose é uma doença grave?

A Leptospirose é uma doença grave, que se pode manifestar de várias formas. No caso dos cães podemos ter animais assintomáticos ou com sintomatologia ligeira e inespecífica, até casos muito graves que conduzem à morte.

Consoante o serovar responsável, o quadro clínico pode ser mais ou menos grave. A mortalidade pode ir de menos de 1% até a uns assustadores, 50%.

Não existe uma predisposição de raça, idade ou sexo nesta patologia. O contacto com águas contaminadas (quer nadando, quer bebendo) ou com ambientes contaminados é um foco de infeção. Por exemplo:

  • explorações pecuárias, onde existem normalmente roedores
  • plantas contaminadas, ou objectos ou lixo (parques urbanos também possuem muitos roedores e são zonas de risco)

Nesta doença, existem ainda animais que se tornam portadores assintomáticos e que se transformam em reservatórios destas bactérias, eliminando-as para o meio ambiente através da urina e outras secreções corporais. É o caso de muitos roedores (ratos e ratazanas), mas também outros animais silvestres e animais que tenham recuperado da doença (durante um período, mesmo clinicamente recuperados, podem eliminar para o ambiente leptospira).

Importante referir que ao afetar quase todos os mamíferos, a espécie humana pode igualmente ser infectada. Trata-se de uma zoonose, pois animais doentes podem conduzir à infeção do Homem. Os humanos podem contrair leptospirose tal como os cães, contactando com urina e outras secreções corporais de animais infetados. O contato com objetos contaminados com este tipo de fluidos também pode ser um foco de infeção.

 

Que sinais apresenta um cão com Leptospirose?

Um cão infectado com esta doença pode apresentar sintomatologia muito variada. A sintomatologia também depende do tipo de serovar de Leptospira:

– alguns animais são assintomáticos

– outros cães apresentam sintomatologia ligeira não específica

– Outros vão apresentado vários sintomas diretamente relacionados com os órgãos que vão sendo afetados pela Leptospira (sintomas multi-sistémicos)

  • Anorexia (falta de apetite)
  • Febre
  • Fraqueza muscular e dores musculares
  • Prostração
  • Vómitos
  • Diarreia
  • Desidratação
  • Icterícia (pele e mucosas com coloração amarela)
  • alterações da coagulação (raras nos cães)
  • alteração na produção de urina (pode aumentar ou diminuir drasticamente)
  • Aumento na ingestão de água
  • Insuficiência Hepática
  • Insuficiência Renal
  • Dificuldade respiratória (Hemorragias pulmonares)

 

 

Como se diagnostica esta doença?

O diagnóstico faz-se através de análises laboratoriais sorológicas e análises que detetem o agente infecioso ou o DNA deste. Estas análises são feitas em amostras de sangue, urina ou tecidos recolhidos.

É muito importante o recolher de uma história clínica (saber quais os ambientes que o animal frequenta e desde quando apresenta sintomas), o completo exame físico bem como o estado vacinal do cão examinado.

Importantes são, igualmente, a realização de exames auxiliares de diagnóstico como análise completa sanguínea (hemograma e perfil bioquímico para avaliar a função de múltiplos órgãos), ecografia abdominal e Rx Tórax. Estes últimos são fundamentais para se proceder em seguida ao tratamento mais adequado a cada caso clínico.

 

 

Se o meu cão estiver infectado, o que é que isso implica? 

 Qualquer cão infectado deve ser sujeito a tratamento e a uma vigilância cuidada, já que esta é uma doença que pode afetar outros animais e o Homem.

A Leptospirose é uma doença bacteriana, pelo que o tratamento passa pela administração de antibióticos. No entanto o tratamento e correção de todas as alterações que surgem devido a esta infeção são incontornáveis.

Em casos onde o animal apresenta insuficiência renal e/ou hepática normalmente são necessárias hospitalização e medidas de suporte mais ou menos complexas. Infelizmente nem todos os animais recuperam.  A morte é um desfecho em alguns casos, onde as lesões causadas não são reversíveis nem controláveis.

Não esquecer que durante o tratamento de cães com leptospirose, o cuidado e proteção do pessoal técnico (médico veterinário e enfermeiros) e dos tutores destes pacientes é fundamental para evitar infeção. Uso de luvas, desinfeção de mãos e evitar o contacto de pele e mucosas com urina destes pacientes é fundamental. A desinfeção das instalações dos cães em tratamento é necessária e é eficaz na eliminação das bactérias excretadas.

A Leptospirose é uma doença grave e com potencial zoonótico, mas existem disponíveis vacinas que conferem proteção contra alguns serogrupos. É importante entender que é preferível prevenir do que ter que tratar.

 

 

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