Leucemia felina (FeLV) – o que é e como se transmite

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A Leucemia Felina (FeLV) é, de entre todas as doenças infeciosas que podem afectar os gatos, a mais comum em todo o mundo.

Leucemia é um termo conhecido de quase todos como sendo uma doença oncológica do ser humano. Por isso, é importante esclarecer que quando falamos de Leucemia felina estamos a falar de uma doença causada por um vírus que afecta felinos, e não de uma doença oncológica /tumoral.

 

O que é o FeLV?

 

O vírus da Leucemia Felina é um Retrovírus, que SÓ infeta felinos.

A principal forma de contágio é através do contato prolongado com secreções de gatos infetados, tais como:

  • saliva
  • sangue
  • secreções nasais
  • urina
  • fezes
  • leite materno

As formas mais habituais de contágio ocorrem através de mordedura, lavagem mútua entre gatos e partilha continuada e simultânea de comedouros.

Como este vírus não sobrevive com facilidade no ambiente, a transmissão através de fezes, urina, aerossóis ou o contato com objectos que tenham sido contaminados com secreções de gatos infetados não é tão eficaz.

A transmissão de mãe para filhos pode ocorrer quer através da placenta, quer através da amamentação. O contágio também pode ocorrer por transmissão sexual, embora seja menos comum.

 

Grupos de Risco

 

Portanto, os animais em maior risco de serem infetados são aqueles expostos a gatos infetados quer por contato direto e prolongado, quer através de dentadas durante lutas.

Gatinhos e animais jovens são mais sensíveis ao vírus, por isso, a doença é mais usual em gatos entre 1-6 anos. Gatos machos que tenham acesso ao exterior de forma não supervisionada também correm maior risco.

Gatinhos infetados dentro do útero, que sobrevivam ao parto, normalmente demonstram um desenvolvimento muito rápido da doença.

 

Como surgem os primeiros sinais de Leucemia Felina (FeLV)?

 

De forma simplificada, ao infetar um gato, o vírus do FeLV inicia a sua multiplicação na zona da boca e faringe e dissemina-se por todo o corpo do animal até atingir a medula óssea.

Os glóbulos brancos e plaquetas, produzidos e libertados na corrente sanguínea, “transportam” o vírus por todo o corpo até este chegar às diferentes glândulas corporais. As glândulas salivares são exemplo disso e este processo dura, no mínimo, cerca de um mês.

Os efeitos adversos no corpo do gato podem ser vários. Normalmente surgem estados de deficiência imunitária grave (perda das defesas naturais contra infeções), doenças oncológicas (p.ex. linfoma) e alterações sanguíneas.

Ao ficarem com o sistema imunitário debilitado, os gatos infetados não reagem eficazmente a outras infeções. Por este motivo, bactérias, fungos e outros vírus podem causar doenças severas por infeção secundária.

Em estados iniciais, os gatos infetados não demonstram qualquer tipo de sintoma. Porém, à medida que o tempo vai passando, a saúde deteriora-se e surgem sintomas devido a infeções secundárias ou desenvolvimento de problemas tumorais.

 

Sinais clínicos

 

Os sinais são normalmente inespecíficos, sendo os mais usuais:

  • anorexia (perda de apetite)
  • perda de peso
  • depressão
  • aumento dos gânglios linfáticos
  • pelagem com mau aspeto
  • anemia
  • sintomatologia digestiva (vómitos, diarreia persistente, que usualmente estão mais relacionadas com linfoma digestivo)
  • feridas na boca
  • feridas nos olhos
  • sintomas respiratórios (rinite, dificuldade respiratória e derrame pleural, maioritariamente relacionado com linfoma do mediastino)
  • icterícia – coloração amarelada na pele, esclera e mucosas (relacionada com destruição de glóbulos vermelhos ou patologia hepática)
  • sintomas neurológicos (perda de equilíbrio, incoordenação motora, convulsões)
  • Insuficiência renal (associado a linfoma renal ou glomerulonefrite)
  • nas fêmeas podem verificar-se abortos ou nascimento de gatinhos já mortos e problemas de fertilidade
  • febre persistente

Os gatos com FeLV podem apresentar apenas alguns destes sintomas ou até nenhum. A presença ou não de sintomas, deve-se ao facto de os gatos poderem reagir de diferentes formas.

 

Formas da doença

 

  • em casos raros o sistema imunitário do gato consegue eliminar o vírus (não havendo progressão da doença);
  • uma pequena percentagem de gatos consegue eliminar o vírus da sua corrente sanguínea, mas não do seu corpo. São animais que enquanto se mantenham neste estado normalmente não mostram sinais de doença. Contudo, pode ocorrer “ativação” do vírus novamente, passando a apresentar sintomatologia e a poder infetar outros gatos;
  • A maioria mostra quadros progressivos da doença e pode infetar outros gatos, pois apresentam o vírus em circulação sanguínea permanentemente (animais virémicos). Nestes casos, surgem sintomas e a doença vai evoluindo continuamente.

 

Diagnóstico

 

O diagnóstico de FeLV faz-se através de testes sanguíneos que detetam a presença de uma proteína do vírus. Podem ser realizados na clínica, através de um teste rápido, ou em laboratório.

Consoante a sintomatologia do paciente, devem realizar-se exames auxiliares de diagnóstico para diagnóstico de infeções secundárias ou processos oncológicos:

  • Análises bioquímicas e hemograma
  • Radiografia
  • Ecografia
  • Citologia ou biópsia de: massas, gânglios aumentados ou medula óssea

 

Tratamento e Prognóstico

 

Infelizmente, não existe ainda nenhum tratamento eficaz capaz de eliminar completamente o vírus da Leucemia Felina.

O recurso a medicamentos antivirais e a terapêuticas que estimulam o sistema imunitário tem sido descrito e usado. No entanto, existem efeitos secundários e as melhorias clínicas não são muito significativas.

Assim, muitos Gatos FeLV-positivo vivem sem grandes complicações durante alguns anos. Sobretudo, deve ter-se especial atenção com os cuidados profiláticos e o bom maneio alimentar e ambiental (mantendo níveis de stress reduzidos). O mais importante é evitar infeções secundárias, mantendo os animais infetados em casa, sem contato com o exterior ou com outros gatos (evitando que apanhem infeções secundárias e impedindo a disseminação do FeLV a outros gatos).

A Leucemia Felina é, sobretudo, uma doença progressiva e mortal. Como resultado, a esperança de vida varia entre 2 a 3 anos, após o diagnóstico. A progressão desta patologia é muito mais rápida em gatinhos.

Acima de tudo, pela gravidade e agressividade desta patologia, é recomendado que se procedam a medidas preventivas como a vacinação. Fale com um Médico Veterinário para saber como pode proteger o seu gato desta doença fatal.

 

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