Será que preciso de desparasitar o meu gato, se ele não sai de casa?

Muitos tutores acreditam que não é necessário desparasitar os seus animais quando estes vivem apenas dentro de casa. Mas a verdade é que mesmo sendo animais exclusivamente de interior, existem formas pelas quais os nossos animais se podem infestar com parasitas, internos e externos!

Pulgas, ácaros, ténias e lombrigas continuam a ser uma ameaça para os nossos patudos de interior!

#1 –  O seu gato de interior não vai à rua…mas o tutor sim!

Diariamente, na nossa rotina, contactamos com diversos agentes parasitários e com frequência somos nós, os tutores, que levamos estes agentes para o interior das nossas habitações – por exemplo, ovos e estados imaturos de parasitas internos ou externos podem ser transportados na nossa roupa e sapatos para o interior das casas.

É importante referir que, por vezes, os ovos e estados imaturos de alguns parasitas (como por exemplo, das pulgas) podem sobreviver por longos períodos de tempo no meio ambiente, desenvolvendo-se quando as condições são oportunas ao seu crescimento. Além deste pormenor, é também de referir que as pulgas podem conter e transmitir também parasitas intestinais (ténias) aos nossos animais – caso os nossos patudos ingiram pulgas que estejam parasitadas!

#2 – Quando se é pequenino…

Quando as mães ainda gestantes não estão desparasitadas (interna e externamente), pode ocorrer transmissão de parasitas entre a mãe e os filhotes. Neste caso, é possível que os pequenotes apenas manifestem sinais por volta das 3 ou 4 semanas de idade. Enquanto não forem tratados, poderão libertar ovos de parasitas para o  meio envolvente, havendo possibilidade serem de novo parasitados no futuro.

#3 –  Outras companhias…

Na eventualidade do seu patudo partilhar o espaço com outros animais que tenham acesso ao exterior, se o animal que tem acesso ao exterior for alvo de parasitas, então é possível que o animal de interior seja dessa forma infestado.

Também não se pode excluir a possibilidade de alguns convidados indesejados, como roedores, moscas e outros insectos, serem uma fonte de parasitas (entre outros agentes infecciosos), e assim transportar e contaminar o ambiente de casa e o seu animal de estimação.

#4 –  Dietas cruas e caseiras

Alguns tutores optam por fornecer alimentos e ingredientes crus ou confeccionar a dieta em casa. Por ser uma possível fonte de infecção para os nossos animais, na eventualidade de fornecer alimentos crus deve ter o devido cuidado na escolha de alimentos em bom estado de conservação e higiene! Da mesma forma, ao confeccionar os alimentos deve prepará-los de forma higiénica, e certificar-se que foram cozinhados à temperatura e tempo adequados.

#5 –  Quando devo desparasitar

Contudo, os planos de desparasitação dos nossos animais devem ser sempre adequados à sua idade, condições médicas, região onde habita e como mencionado, ao seu estilo de vida. E assim sendo, podem ser algo variáveis!

Os planos preventivos podem ser iniciados a partir das 8 semanas de idade, e hoje em dia já é até possível usar produtos que combinam acção desparasitante interna e externa, de forma a tornar a sua utilização periódica regular mais fácil.

Aconselhe-se com o seu médico-veterinário sobre a frequência de desparasitação e o tipo de produto mais adequados para o seu patudo!

No caso de gatos ou outros animais de interior, é aconselhável realizar desparasitações regulares.

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Afinal porque é que as pulgas são perigosas

A pulga é um pequeno insecto da ordem Siphonaptera, com cerca de 3mm de tamanho e achatado longitudinalmente, o que facilita os seus movimentos entre penas e pêlos.

As pulgas não têm asas, mas podem saltar a uma distância até 50 vezes acima do seu tamanho!

A sua boca está adaptada para penetrar a pele: são parasitas externos, que se alimentam de sangue.

Mas… O que é um parasita?

Um parasita é um organismo que vive em outro organismo, chamado de “hospedeiro”. Usa-o para crescer e multiplicar-se e pode depender do hospedeiro ao longo de todo o ciclo de vida do parasita ou apenas durante uma parte da vida. Uma forma de classificar os parasitas é entre ectoparasitas (parasitas da parte exterior do corpo) e endoparasitas (parasitas da parte interior do corpo). A pulga faz parte do primeiro grupo.

Há várias espécies de pulgas que podem ser específicas para cada espécie de animal que parasitam, sendo que existem muitas espécies que afectam os mamíferos. No entanto, apenas 3% do total de espécies de pulgas afetam exclusivamente aves, pelo que é muito raro encontrar pulgas entre penas.

Aos cães atribui-se a espécie de pulgas Ctenocephalides canis, que pode infectar várias espécies, nomeadamente cães e gatos; aos gatos, atribui-se a espécie Ctenocephalides felis que longe de ser exclusiva dos felinos, infeta ainda mais hospedeiros e é mais ubiquitária, sendo muito comum encontrarmos cães infestados por C. felis.

Muitas espécies de pulgas utilizam outras espécies como hospedeiros. Assim, os seres humanos e outros animais podem ser picados por pulgas que existam no ambiente.

As pulgas utilizam o seu aparelho bucal para picar a pele: o principal efeito desta picada é o aparecimento de um inchaço (semelhante à picada de um mosquito) e, sobretudo, um prurido e comichão intensos.

Alguns animais são especialmente sensíveis! Estes podem desenvolver um problema chamado “Dermatite Alérgica à Picada da Pulga”, vulgarmente conhecido pela sigla DAPP. Os principais sintomas desta doença são:

  • Prurido intenso;
  • Queda de pêlo;
  • Mau estado do pêlo;
  • Inflamação da pele, que fica vermelha e pode mesmo desenvolver feridas infectadas.

Caso o seu animal desenvolva estes sintomas, deverá levá-lo com a maior brevidade possível a uma consulta com um Médico Veterinário. Este irá proceder ao início de um esquema de desparasitação, como veremos a seguir. Eventualmente, poderão ser necessários tratamentos adicionais. No caso de haver ferimentos com infecção associada, poderá ser necessária a administração de antibiótico, por exemplo.

Mas o principal problema associado à picada da pulga é o facto de estas transmitirem outras doenças, que podem ser muito graves, como vírus, bactérias ou mesmo outros parasitas.

Algumas destas doenças:

  • Rickettsiose: um parasita do sangue;
  • Dipylidium caninum: um parasita intestinal, tipo ténias, dos cães;
  • Haemobartonella felis : um parasita do sangue dos gatos, muito comum, que causa anemia e pode mesmo ser fatal;
  • Mixomatose: uma doença viral que afecta coelhos e que é quase sempre mortal.

Estas doenças causam sintomas que podem ser confundidos com outros problemas, como perda de apetite, perda de peso e febre. Assim, se o seu pet apresentar qualquer um destes sintomas, deve ser levado ao Médico Veterinário.

Também deve ser consultado por um Médico Veterinário se forem encontradas pulgas no pêlo, pele ou cama do seu animal. Outra forma de detectar a sua presença é procurando pelas vulgarmente chamadas “fezes de pulga”, que se apresentam como pequenos pontos negros (como “caspa negra”) acumulados em certas zonas do corpo, sobretudo no abdómen e junto à base da cauda. Para os encontrar, basta levantar com a mão o pêlo do seu animal, no sentido contrário ao seu crescimento.

Tudo isto pode parecer assustador! Felizmente, existem formas simples, económicas e muito eficazes para prevenir o aparecimento de pulgas.

A estes métodos chama-se “esquema de desparasitação”. Para o iniciar, tem de se ter em conta de que o ciclo de crescimento da pulga, desde a larva até à sua forma adulta, dura cerca de três semanas. Os ovos conseguem sobreviver por vários meses no ambiente, sendo que as pulgas preferem lugares secos e escuros para os deixar.

Existem várias marcas de desparasitantes, adaptadas às necessidades de cada animal e dos seus tutores. Existem várias formulações: como pipetas, coleiras, comprimidos e sprays. Cada produto/medicamento tem uma duração de eficácia definida, sendo que os produtos/medicamentos mais comuns podem ser eficazes durante um, três ou seis meses.

Os desparasitantes podem ser comprados em clínicas e consultórios veterinários, algumas lojas de animais e algumas farmácias. Atenção que aqueles considerados “Medicamentos de Uso Veterinário” e não Produtos, são exclusivos das clínicas ou na farmácia com receita veterinária. Antes de fazer a aplicação pela primeira vez, consulte o seu médico veterinário! O tipo de produto depende do peso e da idade do animal e, sobretudo, da espécie.

Nunca se deve administrar um desparasitante de um cão a um gato! Esta é a principal causa de envenenamento nos nossos animais de estimação!

As pulgas são um parasita comum, mesmo que os nossos animais nunca saiam de casa: elas podem vir agarradas aos sapatos e roupas dos donos e proliferar no ambiente da nossa habitação. Por vezes, basta pisar um lugar com relva para que o dono traga ovos para casa, que depois irão eclodir e parasitar os animais de estimação.

Caso o animal seja correctamente desparasitado e, mesmo assim, tenha pulgas recorrentemente, poderá ter uma infestação em casa! Nesse caso, deverá proceder a uma desinfestação geral, utilizando inseticidas próprios que não sejam tóxicos para animais. Também deverá lavar toda a roupa de cama e as camas dos animais, com água quente, e aspirar toda a casa com muito cuidado, sobretudo se tiver rodapés de madeira ou chão de tacos. Afinal, as pulgas apreciam os lugares escondidos, escuros e secos.

Este parasita é muito vulgar e causa muito incómodo aos nossos animais. Por vezes, até aos próprios donos! Caso detecte a presença de pulgas,fale com um profissional, que lhe poderá dar o melhor aconselhamento sobre que métodos utilizar para eliminar esta praga.

Diga não às pulgas! Faça sempre a desparasitação do seu animal!

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Telaziose, o verme do olho. Sabe o que é e como se previne?

A Telaziose é uma doença provocada por um parasita de nome Thelazia callipaeda também conhecido por “larva ocular” que é transmitido pela mosca da fruta (Phortica variegata).

A Thelazia callipaeda é um verme cilíndrico de pequenas dimensões cujas larvas são depositadas pela mosca da fruta diretamente no olho do hospedeiro. As larvas adultas são visíveis, geralmente retraindo a pálpebra e caracterizam-se por serem finas e esbranquiçadas e medir entre 7 a 17 mm de comprimento.

Os machos da mosca Phortica variegata alimentam-se de secreções lacrimais e é no momento da sua alimentação que se dá o contacto com o animal hospedeiro e se depositam as pequenas larvas que evoluem e causam a Telaziose ocular.

A doença afeta principalmente cães, podendo também afetar outros mamíferos como o gato e até o Homem. A doença pode também ocorrer em animais selvagens como raposas e coelhos, funcionado como um depósito da doença e um foco de disseminação, uma vez que estes animais não são tratados nem desparasitados.

Este parasita foi inicialmente descrito na Ásia e na Europa de Leste, porém têm surgido casos por toda a Europa com tendência a aumentar não só pela maior distribuição da mosca da fruta como pelo aumento da circulação de cães de e para zonas endémicas (zonas afetadas pelo parasita).

Em Portugal este parasita apresenta uma maior prevalência em cães, mas também surge em gatos, sobretudo a norte do Tejo, nas zonas do interior. A Telaziose ocular tem sido identificada noutras espécies de hospedeiros por todo o País.

As datas em que ocorre a infeção está relacionada com a atividade da mosca da fruta, que é mais ativa entre Abril e Outubro. No entanto, há casos de telaziose ocular descritos ao longo de todo o ano porque muitas vezes a doença não é logo diagnosticada e os sinais clínicos não são logo percebidos como uma causa urgente de visita ao médico veterinário.

Os principais sinais clínicos são:

– Conjuntivite

– Inflamação das pálpebras

– Alteração das secreções lacrimais

– Inflamação e úlceras na córnea

O não tratamento dos animais doentes pode, em casos extremos, provocar cegueira.

O diagnóstico é geralmente realizado através da visualização das larvas no olho; ou através de uma recolha de uma amostra da secreção lacrimal e posterior visualização das larvas ao microscópio.

O tratamento passa pela administração de desparasitantes específicos, com ação comprovada contra a Thelazia callipaeda. De igual forma, a prevenção de infeções – sobretudo quando se habita ou se viaja para zonas endémicas, deve ser feita recorrendo a desparasitantes cujo espetro de ação abranja este parasita.

No caso desta doença a prevenção regular com desparasitantes eficazes é essencial. Os desparasitantes que ajudam a prevenir esta doença, também permitem a proteção de outros parasitas. Seguir a indicação do seu médico veterinário ajudá-lo-á a incluir desparasitantes que incluam a proteção contra esta doença no seu plano regular habitual contra os parasitas mais comuns da sua região. Desparasitar o seu cão ou gato ajudará não só o seu animal de companhia como ajudará a evitar casos de Telaziose em humanos, uma vez que é uma zoonose (doença animal transmissível ao Homem). A Telaziose ocular representa um problema de saúde pública e é da responsabilidade de todos tomar medidas que a previnam.

Fale com o seu médico veterinário sobre as medidas de prevenção mais adequadas ao seu animal de estimação.

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Osteoartrite em cães

 

O que é a Osteoartrite

A Osteoartrite é uma doença articular degenerativa, ou seja, é uma doença que destrói as progressivamente as articulações dos cães. Causa dor intensa e é muitas vezes confundida com outros problemas articulares.

De uma forma simples, as articulações são estruturas que ligam dois ou mais ossos do corpo e são compostas  por um tecido mais macio, a chamado cartilagem, e por um líquido responsável pela lubrificação do local, que facilita a movimentação.

A Osteoartrite acontece quando há um desgaste (degeneração) dos tecidos que compõem a articulação, resultando em dor e dificuldade de movimentação e locomoção.

A perda progressiva de cartilagem nas articulações (que impede a fricção entre os ossos) faz com que ao andar o cão sinta nessa articulação “osso contra osso”.

A Osteoartrite atinge os ossos e os tecidos moles provocando inflamação, diminuição da flexibilidade e dor na articulação.

Pode afectar qualquer articulação do cão, sendo as mais comuns a da anca e a do joelho; muitas vezes afecta mais do que uma articulação ao mesmo tempo.

Apesar de ser uma doença mais comum em cães séniores também pode afectar os cães jovens durante o período de crescimento.

Muitas vezes associamos alguns sintomas à idade avançada dos nossos cães, como se a dor fosse quase obrigatória, mas ter dor visível, seja qual for a idade do seu cão, não é normal.

Se esta doença não for tratada torna-se num círculo vicioso de dor que se vai agravando e progressivamente diminuindo a qualidade de vida do seu cão.

Começa com dor na articulação, em seguida, a perda de mobilidade e o inchaço devia à inflamação levam a um aumento da rigidez na articulação.

Esta diminuição da mobilidade leva, por sua vez, a uma atrofia muscular, o que ainda aumenta mais a carga na articulação levando à sua destruição progressiva.

 

Diagnóstico

Não tem cura mas pode ser controlada. O diagnóstico precoce é essencial para que o cão viva sem dor constante.

O diagnóstico é feito, sobretudo através da sintomatologia apresentada, do exame físico e com recurso a exames complementares de diagnóstico.

 

Sintomas

Normalmente os principais sintomas que são vísíveis são subtis alterações de comportamento: o cão começa por apresentar alguma resistência ao exercício e às brincadeiras (por sentir dor), evoluindo progressivamente para se tornar mais apático à medida que a doença avança. Na maior parte dos casos, observa-se também uma “coxeira” .

São normalmente notórios também outros sinais associados à dor crónica: o cão tem tendência para lamber de forma constante a zona de dor, tem muita tendência a ganir ou ladrar de forma constante, pode começar a demonstrar agressividade (se o tutor toca na zona dorida), e acaba por se afastar da sua família à medida que a apatia aumenta.

Em casos mais avançados, em que há agravamento da dor, podem também observar-se problemas respiratórios e cardiovasculares.

 

Tratamento

De forma a tornar a vida do animal mais confortável (sabendo que a osteoartrite não tem cura) é importante controlar todos os factores que o deixam mais desconfortável, e os factores que podem agravar a osteoartrite.

Assim, as recomendações para o tratamento de um cão com osteoartrite passam, quase sempre por estes pontos:

Exercício: mantém as articulações saudáveis, estimula a força e aumenta a massa muscular;

Suplementos nutricionais (condroprotectores): alguns suplementos podem ajudar na recuperação da articulação;

Fisioterapia: programas individuais para cada situação (podendo alguns exercícios ser realizados em casa);

Controlo do peso: o excesso de peso agrava os problemas articulares, dificulta o exercício e agrava o quadro de dor;

AINE’s (anti-inflamatórios não esteróides): utilizados para alívio da dor e para atrasar a progressão da doença

 

 

Mesmo não tendo cura, é perfeitamente possível a um cão com osteartrite ter uma vida feliz e confortável.

No entanto, o tutor deve sempre ter em mente que a osteortratrite é uma doença degenerativa e mesmo que haja uma melhoria significativa dos sintomas devido à medicação, esta não deve ser suspensa sem indicação médica.

Se notar algum dos sintomas de que falámos no seu cão, aconselhe-se com o seu Médico Veterinário, ele pode ajudar o seu cão a ser mais saudável, mais feliz e mais activo!

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Primovacinação em cachorros e gatinhos

A primovacinação é a principal arma na prevenção de doenças infecto-contagiosas potencialmente fatais para cães e para gatos, assim como na propagação de zoonoses. As vacinas evitam não só o sofrimento animal como reduzem o risco de problemas de Saúde Pública.

O plano vacinal deve ser ajustado a cada animal dependendo de vários fatores como:
• Idade
• Estado vacinal da Mãe
• Risco de infeção

A primovacinação é fundamental para que o cachorro ou o gatinho atinjam o máximo potencial de imunidade e que esta se prolongue na idade adulta, com as respetivas doses de reforço e revacinações.

As crias nascem com anticorpos maternos que, dependendo do estado de vacinação da mãe, podem durar até às 16 semanas. Mas como não é possível saber qual o estado de imunidade em que a cria se encontra (sem recurso a exames de diagnóstico específicos) e como é sabido que os anticorpos maternos vão decrescendo desde o nascimento até ao seu total desaparecimento, o programa vacinal deve começar na altura em que se estima que começam a diminuir – por volta das 6-8 semanas de idade.

Na primovacinação, se o número de anticorpos maternos for muito elevado a imunidade conferida pela vacina será baixa pelo que devem ser realizados reforços 2 a 4 semanas após a primeira vacina, de modo a que os anticorpos maternos diminuam e a imunidade conferida pelo reforço da vacina se possa estabelecer. Por esta razão em alguns casos, a primovacinação não deve terminar antes das 16 semanas de idade, para termos a certeza que não existem anticorpos maternos a interferir com a imunidade vacinal.

A primovacinação inclui reforços das primeiras vacinas administradas e só se encontra completa quando é realizada a primeira revacinação, que deverá ocorrer entre 6 a 12 meses após a última vacina do esquema inicial.

Apenas as revacinações adequadas vão permitir que o seu animal jovem mantenha um nível de imunidade correto que o protegerá a longo prazo. O tipo e frequência das revacinações devem ficar a cargo do seu médico veterinário. Este terá em conta o estilo de vida do animal, a sua idade e o tipo de vacina utilizada anteriormente para criar um plano vacinal adequado às necessidades do seu animal.

De notar que os agentes infeciosos (bactérias e vírus) encontram-se presentes no meio circundante e que os tutores podem ser veículos de transmissão (podem levá-los nos sapatos, roupa, etc.) e assim um animal que não tenha acesso ao exterior e contacto com outros animais (por exemplo, os gatos de interior) também corre riscos de ser infetado (apesar do risco ser menor), pelo que todos os animais devem ser vacinados.

Tendo em conta a situação em que vivemos devido à Pandemia de COVID-19, estamos a apelar à população que fique em casa em recolhimento por dever cívico. No entanto, a primovacinação não deve ser de forma nenhuma adiada (até porque os serviços veterinários são considerados serviços essenciais), a sua não realização põe em risco a vida do animal provocando situações que mais tarde serão consideradas urgências.

Sendo assim, a vacinação no cão e no gato em tempo de serviços restritos devido à pandemia de COVID19 deve ter em conta os três fatores principais: a idade do animal, o estado vacinal da mãe (presença de anticorpos maternos) e o risco de infeção.

Nas duas espécies, a primovacinação deve ser iniciada às 7-8 semanas de idade. Caso haja suspeita da presença de anticorpos maternos pode ser iniciada às 12 semanas de idade. No entanto, se o risco for elevado pode ser possível a realização de outras vacinas conjuntas (que fora do contexto atual em que vivemos poderiam ser administradas mais tarde), de forma a diminuir o número de idas ao CAMV mas mantendo a vacinação fundamental para a manutenção da imunidade de grupo nos cães e gatos.

Cada animal é único, aconselhe-se com o seu Médico Veterinário para que lhe seja aconselhado o melhor programa vacinal que o manterá protegido das doenças infeciosas evitáveis.

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Os parasitas não fazem quarentena

A prevenção é o melhor tratamento contra os parasitas !

Mas para podermos preveni-los temos de saber o que são, como funcionam e quais as implicações na vida do nosso animal de estimação e também na vida da nossa família.

Apesar de estarmos a viver uma altura totalmente diferente, de incertezas e em que as saídas à rua dos nossos cães e gatos estão condicionadas e diminuídas, não podemos descurar a sua desparasitação.

Os parasitas não fazem quarentena e estão a postos para atacar os nossos animais de estimação se estes não estiverem protegidos!

Existem dois tipos de parasitas: os ectoparasitas (parasitas externos) e os endoparasitas (parasitas internos).

Temos como principais ectoparasitas:

  • • Pulgas
  • • Carraças
  • • Sarcoptes
  • • Demodex
  • • Octodectes

E como parasitas internos:

  • • Ascarídeos
  • • Ancilostomas
  • • Tricurídeos
  • • Dipylidium
  • • Dirofilária
  • • Angiostrôngilos
  • • Telázia

Um aspecto que não pode ser esquecido, é a importância que os parasitas têm e a maneira como influenciam a saúde humana e animal: Os parasitas externos são um problema por si mesmos, ao expoliarem sangue, causarem feridas e outros problemas dermatológicos e por poderem ser vectores de agentes infecciosos, ou seja, ao alimentarem-se no cão ou gato podem transmitir-lhe protozoários, bactérias e vírus causadores de doenças; estes micróbios têm muitas vezes potencial zoonótico, isto é, capacidade de também infectar os seres humanos, causando-lhes igualmente diversos problemas e pondo as famílias em risco.

Devemos apostar na prevenção, desparasitando interna e externamente os nossos animais e caso haja infestações fazer a desinfestação, a higiene e o controlo das áreas infestadas.

Mas como posso proteger o meu animal de estimação?

Conheça os tipos de parasitas, aprenda a reconhecer os sintomas de infestação, saiba quais os mais prevalentes na sua zona e conjuntamente com o seu Médico Veterinário elabore o programa de desparasitação mais adequado ao seu cão ou ao seu gato.

Como identifico os parasitas?
Parasitas externos:

As pulgas são de fácil reconhecimento, não só a nível visual mas pelos sintomas apresentados pelo animal como:

  • • Comichão
  • • Reacções de hipersensibilidade (Dermatite Alérgica à Picada da Pulga-DAPP)
  • • Lesões na região lombar
  • • Anemia (mucosas pálidas) em animais jovens muito infestados
  • • Perda de pêlo
  • • Crostas
  • • Infecções bacterianas secundárias

As pulgas podem transmitir outros agentes causadores de doenças ao animal:

  • • Bartonella
  • • Rickettsia
  • • Dipylidium (ténia das pulgas)

É importante não esquecer que apenas vemos a pulga quando adulta e que há outras fases (ovos, larvas e pupas) não visíveis por nós mas que também se encontram no ambiente. Numa infestação por pulgas, as adultas que vemos representam apenas 5%; os restantes 95% são os ovos, as larvas e as pupas.

As carraças são igualmente visíveis, alimentam-se do sangue do seu hospedeiro e além do desconforto associado à sua picada (como anemia, irritação cutânea, paralisia e problemas crónicos) podem transmitir doenças que podem ser fatais para os animais e mesmo para os humanos, se não forem diagnosticadas e tratadas a tempo. Algumas das doenças que podem ser transmitidas por carraças são:

  • • Babesiose
  • • Borreliose ou Doença de Lyme
  • • Erliquiose
  • • Riquetsiose
  • • Anaplasmose

Os ácaros são parasitas da pele dos cães e gatos. Têm um tamanho muito reduzido pelo que não é possível vê-los sem recurso a instrumentos próprios e geralmente só notamos a sua presença pelos sintomas apresentados pelos animais.

Os mais comuns são:

  • • Octodectes – responsáveis por otites
  • • Sarcoptes – responsáveis pela sarna
  • • Dermodex – responsáveis pela Demodecose

Os principais sintomas causados pelas infestações de ácaros são:

  • • Comichão intensa
  • • Pústulas
  • • Lesões húmidas
  • • Crostas
  • • No caso dos Sarcoptes, existe risco de transmissão aos seres humanos (embora sejam causadores de uma dermatite diferente da sarna humana clássica)

As infecções provocadas por ácaros nem sempre são de fácil diagnóstico e tradicionalmente o seu tratamento é muito prolongado e demora algum tempo a fazer efeito. Tratamentos mais modernos atingem eficácia mais rapidamente, mas requerem sempre o atento cumprimento do protocolo pelos tutores.

Parasitas internos:

Podemos dividir os parasitas internos em gastrointestinais, cardiopulmonares e oculares:

Gastrointestinais:

Tricurídeos, Ascarídeos, Ancilostomídeos e Dipylidium

São parasitas intestinais geralmente conhecidos como ténias e lombrigas.

Os Ascarídeos (Toxocara, Toxascaris) encontram-se principalmente no intestino delgado e são transmitidos por ingestão de ovos disseminados no ambiente a partir de fezes infectadas de outros animais (daí a importância de recolher as fezes e colocá-las no lixo). Apesar de serem parasitas do intestino, fazem migrações, passando pelos pulmões e podem provocar sintomatologia pulmonar grave, como pneumonia. São parasitas zoonóticos, ou seja, podem também infectar humanos.

Os Tricurídeos encontram-se no intestino grosso onde se alimentam de sangue. A infecção faz-se também através da ingestão de ovos presentes no ambiente.

Os Ancilostomídeos vivem no intestino delgado dos cães, onde se alimentam arrancando pedaços do revestimento intestinal. A infecção por estes parasitas dá-se através da ingestão de larvas ou através da penetração das larvas na pele do animal. Também são parasitas zoonóticos.

Os parasitas Dipylidium são ténias, adquiridas através da ingestão de pulgas infectadas, quando os animais se coçam com os dentes. Os tutores dão pelas infecções quando observam nas fezes dos animais formas esbranquiçadas, por vezes móveis, com o aspecto de “bagos de arroz cozido”. Também pode ocorrer em humanos, portanto também é um agente zoonótico.

Os principais sintomas das doenças provocadas por estes parasitas são:

  • • Febre
  • • Perda de peso
  • • Anorexia
  • • Prostração
  • • Diarreia
  • • Vómitos
  • • Obstrução intestinal
  • • Desidratação

Muitas vezes os nossos animais de estimação podem não apresentar sinais até que a infestação por parasitas seja grande. No entanto, mesmo antes disso ocorrer, não só estão parasitados e sofrem os efeitos do parasitismo, como constituem um foco de infecção para outros animais e para a nossa família.

Cardiopulmonares:

Dirofilária 

As larvas de Dirofilaria immitis são transmitidas pela picada de mosquitos e são os agentes causadores de Dirofilariose, também conhecida por “doença da lombriga do coração”. Após a infecção, as larvas migram para as cavidades do coração e para as artérias pulmonares. Nessas localizações, provocam a inflamação das artérias pulmonares e impedem o normal trabalho cardíaco, acabando por afectar a circulação sanguínea em todo o corpo, e causando a forma crónica da doença. Os principais sintomas são:

  • • Tosse seca
  • • Cansaço, diminuição de actividade
  • • Anemia (mucosas pálidas)
  • • Icterícia (mucosas amareladas)
  • • Anorexia
  • • Colapsos súbitos durante o exercício

Angiostrôngilos

O parasita Angiostrongylus vasorum é também conhecido como “parasita do pulmão” e afecta sobretudo cães mais jovens. Os animais infectados podem ser assintomáticos ou apresentar os seguintes sinais:

  • • Tosse
  • • Dificuldade respiratória
  • • Cansaço
  • • Perda de peso
  • • Hemorragias por alterações da coaguação (p.ex. pelo nariz)
  • • Perda de apetite

Não é uma zoonose, mas há evidências de que este parasita é subdiagnosticado e têm aumentado os relatos de casos de infecção por este parasita nos cães em Portugal. A melhor maneira de garantirmos a sua eliminação é através de uma correcta desparasitação.

Oculares:

A Telázia é um parasita emergente na Europa incluindo Portugal. É transmitido por um tipo de mosca da fruta que, quando se alimenta das secreções lacrimais, deposita as larvas na superfície do olho.

Este parasita também tem potencial zoonótico, causando os mesmos sintomas nos animais e nos humanos:

  • • Lacrimação excessiva
  • • Conjuntivite
  • • Queratite
  • • Comichão
  • • Úlceras corneais
  • • Perfuração
  • • Cegueira
Qual a melhor forma de desparasitar o meu animal de estimação?

A desparasitação deve ser mensal de modo a eliminar os parasitas em todas as fases do seu ciclo e não apenas quando são visíveis ou os animais já apresentem sintomas de estarem parasitados.

A desparasitação mensal previne as infecções e infestações parasitárias, reduz o risco de contaminação ambiental e protege animais e humanos minimizando o potencial zoonótico.

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Leptospirose em cães

Leptospirose – prognóstico, fatores de risco, prevenção

 Qual é o prognóstico da Leptospirose?

 

A Leptospirose é uma doença curável, contudo grave e potencialmente fatal. Estão descritas diferentes taxas de sobrevivência que variam consoante a localização geográfica e com os serovares suspeitos na infecção. Diferentes serovares afectam diferentes orgãos, podendo este ser um factor relevante para o prognóstico.

 

O período de hospitalização de cães infetados é variável com o serovar. Embora rondando em média os 8 dias, este período pode ser superior a 20 dias. Alguns estudos mostram que o período de tempo entre o aparecimento dos sintomas e o início do tratamento não influencia directamente a sobrevivência dos pacientes. No entanto, o sucesso do tratamento de leptospirose parece estar associado à estabilização dos parâmetros renais num intervalo de 14 dias.

 

Parâmetros bioquímicos, como o grau de leucocitose e de trombocitopénia (elevação de glóbulos brancos e diminuição de plaquetas, respectivamente), são indicadores que parecem afectar negativamente o prognóstico da recuperação. Além disso, o desenvolvimento de complicações respiratórias quando existe trombocitopénia grave, também está frequentemente associado a um desfecho pouco favorável.

 

Que vacinas existem?

 

Actualmente encontram-se disponíveis várias vacinas contra a leptospirose. Estas vacinas são formadas por bactérias inactivas de Leptospira spp, e são constituídas por serovares representativos de diferentes serogrupos.

 

Uma vez que existem vários serovares de Leptospira spp capazes de causar doença clínica nos cães, as vacinas geralmente incluem mais do que um serovar na sua constituição.

 

Assim, consoante o número de serovares, estas vacinas podem ser bivalentes (2 serovares), trivalentes (3 serovares) ou quadrivalentes (4 serovares).

 

As primeiras vacinas para leptospirose seriam bivalentes, contendo serovares  pertencentes aos serogrupos L. interrogans Canicola e Icterohaemorrhagiae. Contudo, a situação epidemiológica na Europa alterou-se e o número de serovares de Leptospira spp presentes nas vacinas foi atualizado. Atualmente as vacinas contêm os serovares que se sabem mais prevalentes.

 

Um ponto importante a considerar na vacinação contra a leptrospirose é o facto das vacinas actualmente utilizadas induzirem imunidade para o serogrupo dos serovares utilizados na vacina, contudo não garantem uma protecção cruzada eficaz para outros serogrupos existentes.

 

Desta forma, a vacinação contra leptospirose deve ter sempre em consideração os serovares de maior prevalência em cada região.

 

Em Portugal estão disponíveis vacinas bivalentes, trivalentes e quadrivalentes. De qualquer maneira é sempre importante consultar a bula das vacinas (para saber quais os serovares para os quais a vacina oferece proteção), e perguntar ao seu médico veterinário sobre qual a vacina mais adequada. O facto de uma vacina ter mais valências não implica necessariamente que seja a que confere mais proteção.

 

 

Quais os fatores de risco da Leptospirose? 

 

A leptospirose é uma doença amplamente difundida e, dada a existência de diferentes serovares de Leptospira spp capazes de causar a doença em cães, os factores de risco podem variar geograficamente.

 

No que diz respeito ao risco de leptospirose na Europa, os cães estão potencialmente expostos aos serogrupos Icterohaemorrhagiae, Australis, Canicola, Grippotyphosa e Sejroe. Estes serovares apresentam diferentes espécies como animais reservatório específicos, que incluem os cães, diversos animais selvagens, ratos e outros roedores.

 

Em Portugal, estudos realizados entre 1992 e 2011 demonstraram a presença destes mesmos serogrupos no país. No entanto as prevalências entre serogrupos são diferentes, revelando também uma variação de serogrupos em diferentes regiões. Ou seja, serovares presentes na região norte do país podem não ser os mesmos serovares encontrados na região sul.

 

O clima e as condições ambientais são também factores importantes a considerar no risco para leptospirose. Existem estudos que demonstram um aumento de incidência e surtos de leptospirose associados a períodos de elevada pluviosidade e cheias.

 

Desta forma, tendem a surgir mais casos de leptospirose canina nos meses de Outono, estação durante a qual a temperatura ambiente é adequada para a sobrevivência das leptospiras. Estas, apesar de não se multiplicarem fora de um hospedeiro, tendem a sobreviver em águas estagnadas ou correntes lentas. As leptospiras podem manter-se na água e em solo molhado durante longos períodos de tempo.

 

Neste sentido, podem considerar-se factores de risco acrescido:

 

  • cães que tenham acesso e bebam água de fontes não tratadas, como rios e lagos
  • cães expostos a animais selvagens e roedores, como cães utilizados em caça e que habitem em quintas ou zonas rurais
  • cães que nadem em águas não tratadas, estagnadas ou pantanosas
  • cães que habitem exclusivamente no exterior
  • cães que viajem para localidades rurais
  • cães que tenham contacto com animais de produção

 

A leptopspirose deve também ser considerada uma doença urbana e não apenas rural. Esta doença pode ser associada à proximidade a parques públicos e zonas recentemente urbanizadas. A razão desta associação deve-se ao facto de nestas zonas ser mais provável encontrar espécies reservatório urbanas (roedores).

 

Devo vacinar o meu cão?

 

A vacinação dos cães contra a leptospirose deve ter sempre em conta o estilo de vida, o comportamento dos cães e o conhecimento dos serogrupos mais prevalentes da região.

 

A vacinação é uma ferramenta importante na prevenção da doença. Existem uma série de motivos pelos quais o Médico Veterinário pode aconselhar a vacinar contra Leptospirose:

 

  • A vacinação reduz a probabilidade de infecção para os serogrupos presentes na vacina utilizada
  • A vacinação reduz a doença clínica e a mortalidade dos animais vacinados
  • A vacinação garante proteção contra a infecção renal e estado de portador renal
  • A vacinação protege da eliminação urinária de leptospiras

 

Tanto as declarações do Colégio Americano de Medicina Interna Veterinária (ACVIM) como do Consenso Europeu sobre Leptospirose em cães e gatos defendem o uso de uma vacina polivalente para cães em risco e a sua revacinação anual, se o risco se mantiver.

 

A vacinação contra Leptospirose é recomendada a partir das 8 semanas de idade. Quer em cachorros, quer em cães adultos são necessárias duas administrações espaçadas de 3-4 semanas.

 

A vacinação garante imunidade durante pelo menos 12 meses. A revacinação anual de cães em situações de risco é aconselhável. Cães que tenham sido previamente infectados por Leptospira spp e que tenham recuperado da doença também devem ser revacinados anualmente.

 

A vacinação dos cães tem também sérias implicações na saúde pública. Uma vez que a leptospirose é uma zoonose, doença passível de ser transmitida a humanos, a vacinação é um método útil de prevenção da infecção de outros cães e de pessoas. A vacinação interrompe o ciclo de transmissão do agente infeccioso a animais e pessoas, diminuindo a disseminação ambiental.

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leptospirose

Leptospirose – sinais, diagnóstico, implicações

O que é a Leptospirose?

A Leptospirose é uma doença infeciosa causada por uma bactéria pertencente ao género Leptospira. Estas bactérias estão disseminadas por todo o mundo e existem diferentes tipos. Este género de bactéria inclui cerca de 25 serogrupos diferentes e, cada serogrupo, inclui vários serovares distintos. Existem mais de 250 serovares diferentes de Leptospira. De uma forma muito simplista, afirmamos que existem várias espécies de leptospira e cada uma tem diferentes subespécies.

Consoante a zona geográfica assim teremos diferentes serovares presentes. Isto é, uns serovares são mais frequentes numas zonas e outros em outras áreas geográficas. Também se sabe que alguns serovares são mais agressivos que outros.

São bactérias que conseguem sobreviver por um período considerável de tempo no meio ambiente, em condições de humidade elevada e temperatura moderada. Por este motivo, períodos de chuvas e/ou cheias, em alturas do ano amenas e húmidas, teremos mais casos clínicos registados.

A Leptospira pode infectar e causar doença na maioria dos mamíferos. Os cães e gatos podem ser afetados, embora no caso dos gatos isto seja muito raro.

 

A Leptospirose é uma doença grave?

A Leptospirose é uma doença grave, que se pode manifestar de várias formas. No caso dos cães podemos ter animais assintomáticos ou com sintomatologia ligeira e inespecífica, até casos muito graves que conduzem à morte.

Consoante o serovar responsável, o quadro clínico pode ser mais ou menos grave. A mortalidade pode ir de menos de 1% até a uns assustadores, 50%.

Não existe uma predisposição de raça, idade ou sexo nesta patologia. O contacto com águas contaminadas (quer nadando, quer bebendo) ou com ambientes contaminados é um foco de infeção. Por exemplo:

  • explorações pecuárias, onde existem normalmente roedores
  • plantas contaminadas, ou objectos ou lixo (parques urbanos também possuem muitos roedores e são zonas de risco)

Nesta doença, existem ainda animais que se tornam portadores assintomáticos e que se transformam em reservatórios destas bactérias, eliminando-as para o meio ambiente através da urina e outras secreções corporais. É o caso de muitos roedores (ratos e ratazanas), mas também outros animais silvestres e animais que tenham recuperado da doença (durante um período, mesmo clinicamente recuperados, podem eliminar para o ambiente leptospira).

Importante referir que ao afetar quase todos os mamíferos, a espécie humana pode igualmente ser infectada. Trata-se de uma zoonose, pois animais doentes podem conduzir à infeção do Homem. Os humanos podem contrair leptospirose tal como os cães, contactando com urina e outras secreções corporais de animais infetados. O contato com objetos contaminados com este tipo de fluidos também pode ser um foco de infeção.

 

Que sinais apresenta um cão com Leptospirose?

Um cão infectado com esta doença pode apresentar sintomatologia muito variada. A sintomatologia também depende do tipo de serovar de Leptospira:

– alguns animais são assintomáticos

– outros cães apresentam sintomatologia ligeira não específica

– Outros vão apresentado vários sintomas diretamente relacionados com os órgãos que vão sendo afetados pela Leptospira (sintomas multi-sistémicos)

  • Anorexia (falta de apetite)
  • Febre
  • Fraqueza muscular e dores musculares
  • Prostração
  • Vómitos
  • Diarreia
  • Desidratação
  • Icterícia (pele e mucosas com coloração amarela)
  • alterações da coagulação (raras nos cães)
  • alteração na produção de urina (pode aumentar ou diminuir drasticamente)
  • Aumento na ingestão de água
  • Insuficiência Hepática
  • Insuficiência Renal
  • Dificuldade respiratória (Hemorragias pulmonares)

 

 

Como se diagnostica esta doença?

O diagnóstico faz-se através de análises laboratoriais sorológicas e análises que detetem o agente infecioso ou o DNA deste. Estas análises são feitas em amostras de sangue, urina ou tecidos recolhidos.

É muito importante o recolher de uma história clínica (saber quais os ambientes que o animal frequenta e desde quando apresenta sintomas), o completo exame físico bem como o estado vacinal do cão examinado.

Importantes são, igualmente, a realização de exames auxiliares de diagnóstico como análise completa sanguínea (hemograma e perfil bioquímico para avaliar a função de múltiplos órgãos), ecografia abdominal e Rx Tórax. Estes últimos são fundamentais para se proceder em seguida ao tratamento mais adequado a cada caso clínico.

 

 

Se o meu cão estiver infectado, o que é que isso implica? 

 Qualquer cão infectado deve ser sujeito a tratamento e a uma vigilância cuidada, já que esta é uma doença que pode afetar outros animais e o Homem.

A Leptospirose é uma doença bacteriana, pelo que o tratamento passa pela administração de antibióticos. No entanto o tratamento e correção de todas as alterações que surgem devido a esta infeção são incontornáveis.

Em casos onde o animal apresenta insuficiência renal e/ou hepática normalmente são necessárias hospitalização e medidas de suporte mais ou menos complexas. Infelizmente nem todos os animais recuperam.  A morte é um desfecho em alguns casos, onde as lesões causadas não são reversíveis nem controláveis.

Não esquecer que durante o tratamento de cães com leptospirose, o cuidado e proteção do pessoal técnico (médico veterinário e enfermeiros) e dos tutores destes pacientes é fundamental para evitar infeção. Uso de luvas, desinfeção de mãos e evitar o contacto de pele e mucosas com urina destes pacientes é fundamental. A desinfeção das instalações dos cães em tratamento é necessária e é eficaz na eliminação das bactérias excretadas.

A Leptospirose é uma doença grave e com potencial zoonótico, mas existem disponíveis vacinas que conferem proteção contra alguns serogrupos. É importante entender que é preferível prevenir do que ter que tratar.

 

 

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Hipertiroidismo felino

Hipertiroidismo Felino – Diagnóstico e Tratamento

Diagnóstico

 

A avaliação dos sintomas descritos e um exame físico completo, são os primeiros passos para a avaliação do estado de saúde do seu gato. Muitas vezes, durante o exame físico é possível palpar uma glândula tiroide aumentada típica de hipertiroidismo.

 

O diagnóstico de hipertiroidismo é feito através de análises laboratoriais que avaliam a concentração da hormona tiroideia na corrente sanguínea. Devido ao excesso de produção de hormona tiroideia, em mais de 90% das situações é possível alcançar um diagnóstico preciso.

 

A maioria dos gatos com hipertiroidismo apresenta níveis elevados da hormona tiroideia na corrente sanguínea. Contudo, uma pequena percentagem de gatos com hipertiroidismo pode apresentar valores normais.

 

Em caso de suspeita forte de hipertiroidismo, e na ausência de valores aumentados da hormona tiroideia, o seu Médico Veterinário poderá recomendar testes adicionais.

 

Devido ao papel da glândula tiróide no organismo, alguns gatos com hipertiroidismo poderão desenvolver doença cardíaca e hipertensão. Desta forma, o seu Médico Veterinário poderá aconselhar que seja feita alguma investigação para despiste destas condições. Eventualmente poderão ser necessárias terapêuticas adicionais para controlar doenças secundárias.

 

Tratamento

 

O hipertiroidismo é uma condição tratável e, dependendo do tratamento realizado, pode ser curável.

 

As opções de tratamento para o hipertiroidismo incluem o recurso a medicação, terapia com iodo radioactivo, cirurgia ou recurso a uma dieta terapêutica. A escolha do tipo de tratamento não é simples. Todas as opções de tratamento têm as suas vantagens e desvantagens. A escolha requer a consideração de algumas particularidades como a saúde geral do paciente, as características dos procedimentos terapêuticos, a capacidade e disponibilidade do tutor administrar regularmente medicação e exige também algumas considerações financeiras.

 

Medicação

 

A administração de medicação anti-tiroideia é possivelmente uma das terapêuticas mais comuns no maneio do hipertiroidismo. A medicação actua através da redução da produção e libertação de hormona tiroideia a partir da glândula tiróide.

 

A administração da medicação anti-tiroidiea não promove a cura do hipertiroidismo. No entanto permite um bom controlo da doença e dos sinais clínicos a curto e a longo-prazo. Geralmente são obtidas boas taxas de resposta à medicação, com a facilidade de se poder medicar os pacientes sem necessidade de hospitalização.

 

O recurso à medicação anti-tiroideia advém sobretudo da facilidade em obter a medicação e do seu, geralmente, custo acessível. Contudo, o tratamento com medicação implica a sua administração diária, durante toda a vida do paciente.

 

Existem diferentes formulações, desde comprimidos a soluções orais. Dada a natureza dos felinos e das muitas dificuldades dos tutores em administrar comprimidos, as soluções orais poderão ser mais convenientes e permitir melhor compliance terapêutica.

 

Independentemente do tipo medicação utilizada, é necessário manter um controlo rigoroso dos níveis da hormona tiroideia durante o tratamento. Este controlo exige assim visitas regulares ao Médico Veterinário.

 

Terapia com iodo radioactivo

 

Quando se encontra disponível, a terapia com iodo radioactivo é o tratamento de eleição para gatos com hipertiroidismo. A administração de iodo radioactivo, destrói as células anormais da glândula tiróide, sem danificar os tecidos envolventes. Na maioria das vezes, trata-se de uma única administração e a maioria dos gatos tratados com iodo radioactivo atinge valores normais de hormona tiroideia após uma ou duas semanas do tratamento.

 

Esta modalidade de tratamento permite curar o hipertiroidismo felino, e geralmente não acarreta efeitos secundários graves nem necessita de anestesia. Envolve, contudo, o manuseamento e administração de um composto radioactivo e por isso apenas é permitida em instalações licenciadas para o efeito.

 

Infelizmente, até ao momento esta terapêutica não se encontra disponível em Portugal.

 

Animais tratados com iodo radioactivo têm de permanecer hospitalizados até que os níveis de radiação atinjam valores seguros. Geralmente, implica que o gato seja hospitalizado entre três a cinco dias, contudo o período poderá ser maior.

 

Cirurgia

 

A remoção cirúrgica das glândulas tiróides, denominada tiroidectomia, é uma cirurgia relativamente acessível e com boas taxas de sucesso. A cirurgia permite uma cura, na maioria dos casos, permanente, evitando assim a necessidade de medicação a longo prazo.

 

Dado tratar-se de um procedimento cirúrgico, requer hospitalização e uma anestesia geral. Por este motivo pode não ser favorável em pacientes idosos, com doenças cardíacas, renais, ou outras que possam apresentar um risco anestésico.

 

Nestes casos, a ou terapia com iodo radioactivo são tão eficazes no tratamento do hipertiroidismo como a cirurgia. Estas alternativas têm a vantagem de serem terapêuticas menos invasivas.

 

Dieta terapêutica

 

Existe também uma dieta especificamente formulada para gatos com hipertiroidismo, baseada numa restrição de iodo. A dieta poderá ser útil em gatos exclusivamente de interior e únicos na habitação. Este tipo de dieta estabiliza os níveis da hormona tiroideia antes de uma intervenção cirúrgica. Por outro lado, podem se útil quando os gatos apresentam outras condições que tornam outras terapêuticas impossíveis.

 

No entanto, a restrição em iodo como terapêutica a longo prazo é algo controversa pelos possíveis efeitos da restrição dietética em iodo na saúde geral.

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Hipertiroidismo felino é a doença metabólica mais comum em gatos

Hipertiroidismo Felino: Causas e Sinais

O que é o Hipertiroidismo Felino?

O Hipertiroidismo é a doença endócrina mais frequente nos gatos e, como o nome indica, afeta a glândula Tiroide.

A Tiroide é composta por duas pequenas glândulas localizadas (uma de cada lado) na zona mais craneal da traqueia. A tiroide é responsável pela produção das hormonas tiroideas, que interferem em muitas das funções do organismo. O controlo do metabolismo, constitui uma das mais importantes.

De uma forma muito simplista, a tiroide é de extrema importância para o correto funcionamento da maioria dos órgãos do corpo. Nos animais com hipertiroidismo existe um excesso de hormonas tiroideas em circulação.

 

Quais são as causas principais do Hipertiroidismo felino?

Esta patologia surge normalmente devido a um aumento do volume da Tiroide (habitualmente o aumento é bilateral e afeta ambas as glândulas). Este aumento deve-se quase sempre a um tumor benigno (Adenoma), sendo muito raros (menos de 2%) os casos em que existe um tumor maligno (Carcinoma).

Atualmente não se conhece a causa exata do aparecimento deste tipo de tumores benignos. Contudo, pensa-se que alguns fatores possam contribuir, como são o caso de:

  • exposição continuada a substâncias tóxicas para a tiroide, quer ambientais (ex.: poluição; constituintes de algumas areias para gatos; tóxicos vários), quer alimentares (excesso ou deficiência de compostos presentes em alimentação comercial enlatada, bem como substâncias tóxicas)
  • alterações genéticas
  • fatores imunológicos
  • idade mais avançada

 

Porque ouvimos falar mais de hipertiroidismo hoje em dia?

Apesar de não haver uma causa concreta de hipertiroidismo, sabemos que há fatores que são decisivos para o seu aparecimento. Quanto mais tempo os animais forem expostos a esses riscos, maior a probabilidade de virem a desenvolver esta patologia. O aumento esperança de vida dos felinos é a principal razão pela qual o hipertiroidismo é mais diagnosticado nos dias de hoje. Ou seja, ao viverem durante mais anos, sofrem maior exposição a condições de risco. Vivem mais anos, havendo possibilidade de haver alterações significativas ao nível da tiroide, surgindo doença clínica.

O hipertiroidismo pode surgir tanto em machos como em fêmeas, não havendo preferência de raça. Contudo, afeta principalmente gatos de meia idade ou idosos. A idade média do aparecimento dos primeiros sintomas é 12-13 anos, sendo invulgar em gatos com menos de 10 anos.

Com o evoluir da medicina Veterinária e a crescente preocupação dos tutores com a saúde e bem-estar dos seus gatos, o diagnóstico de hipertiroidismo é mais frequente  (bem como o de outras doenças).

 

Quais os sinais que apresenta um gato com hipertiroidismo?

Como em qualquer patologia, é fundamental compreender as alterações que ocorrem num animal. Ao entender-se o que não funciona corretamente é mais fácil compreender os sintomas que surgem. Uma vez que o hipertiroidismo ocorre principalmente em gatos geriátricos, pode haver também, simultaneamente outras patologias presentes. Isto pode complicar o diagnóstico desta doença hormonal.

As hormonas tiroideias são fundamentais para o funcionamento de quase todos órgãos, e essenciais no controlo do metabolismo basal corporal. Por este motivo, ao existir um aumento destas hormonas em circulação, haverá um aumento do metabolismo basal, com aumento de consumo rápido de energia. Inicialmente os sintomas são subtis e ligeiros (comuns a muitas patologias felinas), agravando-se à medida que a doença evolui.

 

Inicialmente observam-se os seguintes sintomas:
  • perda de peso (muito ligado com o aumento do metabolismo basal) com perda de massa muscular
  • aumento do apetite
  • hiperatividade
  • aumento da ingestão de água, e por sua vez da produção de urina (fazem mais xixi)
  • pelagem sem brilho e com mau aspeto
  • aumento da tiroide (glândulas palpáveis e aumentadas)
  • alterações à auscultação cardíaca (aumento da frequência cardíaca, sopros cardíacos, arritmias- Ritmo de galope audível à auscultação)

 

Com a evolução da doença, surgem também:
  • vómitos
  • diarreia
  • doença respiratória (dificuldade respiratória, frequência respiratória aumentada, espirros e tosse)
  • alterações de comportamento (agressividade; incapacidade em descansar)
  • convulsões
  • doenças concomitantes podem surgir, uma vez que o hipertiroidismo pode predispor os gatos a outras patologias, como:

Doenças cardíacas (Hipertensão, Insuficiência cardíaca crónica, Cardiomiopatia tireotóxica)

Doença Renal

Diabetes (em gatos com hipertiroidismo, é mais difícil controlar convenientemente a diabetes)

Má absorção gastrointestinal (hipertiroidismo, pode levar a aumento da motilidade intestinal, dificultando a absorção correta dos nutrientes, assim como ao aparecimento de vómitos e diarreia)

 

Os sintomas são vários e inespecíficos, pelo que o correto diagnóstico, bem como o diferenciar de outras patologias, são fundamentais. O médico veterinário assistente deve ser sempre consultado quando se observam alterações no gato.

O hipertiroidismo é uma doença grave. Se não tratada, é normalmente fatal devido às alterações graves que causa em múltiplos órgãos vitais.

 

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